quarta-feira, 6 de julho de 2011

8- Ajudar x Zombar

“Diz que estava na casa da Kate, numa festa de pijamas, fazendo novas amigas.” Matheus me aconselhou.
“O ancião está me dando a ideia de mentir para os meus pais?”
Quando ele abriu novamente aquele sorriso perfeito desejei poder fazê-lo rir mais vezes.
“Ou você pode contar a verdade e ficar de castigo pro resto da vida.”
Minha vez de rir. “Tá bom! Fico com o conselho que vai salvar a minha pele.”
“Foi o que pensei.” Olhou para a porta.
“É... Vou lá.” Fiquei sem jeito. “Tchau.” Dei um sorriso e acenei.
Minha despedida ridícula fez ele tentar esconder um sorriso ao imitar o meu gesto.
Eu não estava com a menor pressa de encarar os meus pais, mas acelerei os passos até a porta de casa, querendo enfiar a minha cara no chão. Seria demais que eu o abraçasse e agradecesse por tudo? Uma despedida de seres normais? Por que fiquei tão sem graça? Ah... Como se eu não soubesse a resposta!
A mentira sobre o que fiz na noite anterior não me livrou de ficar de castigo pro resto da vida, mas, com certeza, de matar os meus pais do coração.
***
“Se olho para essas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a tua imagem!” Emily Brontë – O Morro dos Ventos Uivantes.
Meu livro favorito agora parecia zombar de mim, porque todas aquelas palavras - até as que não tinham semelhança com o Scott - levavam meus pensamentos até ele.
Eu não o amava. Amor é lindo e puro. Eu o odiava. E odiava mais do que tudo que todas as coisas horríveis que eu lhe desejasse doessem tanto no meu coração.
O livro voou das minhas mãos com o susto que levei quando ouvi o barulho irritante vindo da minha janela e vi a imagem do Matheus.
Ele esfregava as mãos lutando contra o frio, quando fez um movimento com a cabeça indicando que eu saísse, com um sorriso apologético pendurado no rosto. Matheus olhava ansioso para além da varanda e de volta para a trava da janela, e enquanto eu lutava para abri-la, via pela primeira vez o quanto ele realmente era lindo.
Os traços do seu rosto era todos simétricos, com algumas pintas salpicadas. Ele não era nada como aqueles magrelos da escola. Alto na medida certa. Movimentos repetitivos com uma mão tirando o cabelo que insistia em cair em seus olhos que mantinham um olhar suave e desatento. Ele exalava uma atmosfera despreocupada.
E eu não devia estar pensando em nada disso, além de abrir de uma vez a janela... E no máximo, no que ele fazia ali.
Matheus suspirou aliviado quando a janela se abriu. “Imaginei que você fosse precisar de ajuda pra fugir daqui hoje.”
Puxei-o pela camisa para dentro do quarto e encostei a janela.
“Quer virar picolé saindo assim sem casaco?” Disse, pegando minha coberta e enrolando nele.
“Não sabia que fazia mais frio por essas bandas.” Ele tentava se aquecer.
“Se meus pais te vissem...”
“Não queria te trazer problemas, desculpa. Só achei que talvez você tivesse com o tipo de castigo eterno que precisa ser trapaceado.”
Sorri. “Estou mais preocupada em diminuir a minha sentença ao invés de piorar tudo.”
“Depois eu sou o ancião.”
Mordi os lábios, tentada a sair dali só porque ele fazia isso parecer tão interessante.
“Preciso de cindo minutos para trocar de roupa.”
Puxei uma blusa com as costas nuas que a doida da Sally tinha me dado e um jeans escuro do guarda-roupa. Encarei o salto alto sem vontade e inalei fundo. Antes de abandonar o quarto catei um casaco, lembrando do frio que estava fazendo lá fora.
Descer pela sacada do meu quarto me deixou com a adrenalina nas alturas. O medo de cair, o medo de ser pega por meus pais... E de alguma forma eu estava gostando de tudo aquilo.
No portão principal me deparei com uma bicicleta e com um gigante subindo nela, pedindo que eu o acompanhasse. Não consegui segurar o riso com aquela visão. Matheus não cansava de me surpreender em tão pouco tempo.
“Ah, para... Não sei dirigir e fazer barulho aqui não seria legal de todo jeito. Sobe logo, vai...” Pediu.
Sentei de lado na sua frente. “Sei que não é confortável, mas você nem vai ter tempo de pensar nisso. É melhor se segurar firme.”
Exatamente como ele disse. Meu cabelo devia estar uma beleza depois daquela correria, mas eu pouco me importei; foi tão divertido.
A música alta era ouvida de longe. Desci num salto da bicicleta. Não vi onde o Matheus a guardou, preocupada demais em descobrir se o Scott estava no meio de toda aquela gente na varanda da casa da Kate.
Matheus apareceu jogando seu braço por cima dos meus ombros, lançando a cabeça na minha direção. “Hoje vou te manter longe de bebida.” Sorriu.
Enrubesci. “Não tenho o costume...”
“Dessa vez podemos dançar livres dos efeitos do álcool.” Deu um beijo estalado na lateral da minha testa, como se fossemos tão íntimos e amigos... Um arrepio percorreu por todo o meu corpo. Não me afastei dos seus braços pelo curto caminho nem recusei a sua mão quando me ofereceu depois de subir os degraus na minha frente.
Deixei meu casaco no cabideiro e fui levada até o meio de onde todos dançavam pela mão firme do Matheus.
 Ele começou a se mexer e fiquei perdida sem saber como deveria dançar. Matheus sorriu ao perceber e disse alguma coisa que não pude entender com o som alto interferindo. Apontei para longe e falei devagar. “B-a-n-h-e-i-r-o” Avisando que voltaria logo. Ele balançou a cabeça entendendo.
Mentira que eu procurava algum banheiro, só queria encontrar o Scott. Queria me torturar mais um pouco vendo o que ele fazia que, com certeza, não iria me agradar. Tive o que pedi.
Nem mesmo aquelas luzes piscando sem parar poderiam fazer com que eu não o reconhecesse. Scott estava aos beijos com uma garota que nunca vi antes. Ele também me viu, entre seus beijos, e recorreu com mais vontade à boca da garota.
Senti uma raiva tão grande de mim mesma e me fiz uma promessa... Eu faria com que ele sentisse mil vezes mais o que eu estava sentindo naquele momento, com olhares curiosos ao redor comentando sobre a minha vergonha. Eu o deixaria na minha posição e então ele sentiria, finalmente, qual é o gosto de ser feito de bobo.
Senti uma lágrima quente que odiei ter deixado cair. Ouvi risadas, enquanto lutava para chegar até a saída daquele lugar. Todos eles... Todos eles nunca mais iriam rir de mim novamente.
***
Final de ano, naquele lugar dos meus tormentos. O colégio era perto de casa e estudei nele durante toda a minha vida. Cercada por aquelas patricinhas lideres de torcida que se achavam melhor do que todas, só por rebolarem com seus corpos esbeltos usando uma saia/cinto. Cercada por garotos altos, musculosos e estúpidos que eram idolatrados por todos só por correrem pelo pátio quicando uma bola na mão.
A arrogância nesses tipos não teria sido um problema para mim, se eles não fizessem questão em perseguir a-quatro-olhos-gorducha-nerd-tímida. Eu não era a única perturbada por eles, mas duvido que algum outro tenha terminado o último ano do ensino fundamental como terminei...

8 comentários:

  1. A Mari gosta de se torturar FATO! O Scott é mesmo um idiota FATO! E ela tem logo que agarrar o Matheus FATAÇO!!!!
    Por isso ela não gosta da bisKate? As líderes costumavam tirar sarro dela quando era criança? =/
    Bom o importante agora é mesmo ela agarrar o Matheus.... weeee!!!


    Bjooos Xuh!!!

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  2. Oh my! Tenso... Ela vai voltar para o início da história ao inverso. Quando o Scott queria dar o troco, agora é ela... Aff! Eles são mais parecidos do que a Mari admite ser.

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  3. O que ela tá esperando? Pq não agarrou o Matheus ainda?! Affff
    Mari, decida-se minha filha... lixa*

    Beijos

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  4. Eu não vou dizer tudo que penso sobre a Mari depois dessa atuh, porque vou aborrecer muita gente!

    Mas pera lá! Ela inventa uma desculpa pro carinha mais bonito da festa – aquele mesmo que causou emoções que ela mesma disse que adorou –, pra ir atrás do cara que ela cansou de esnobar e que é sabidamente um BABACA! Ela vai tendo certeza do que vai ver, e depois que vê, jura vingança????
    Mari, com lincença, mas VSF!
    E quem são esse "todos que estão rindo"? Todos quem?

    De boa, isso já virou mania de perseguição, e ela devia procurar um especialista antes de se transformar em psicopata...

    Juro que peguei leve com ela! u_u

    Bjks!

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  5. O coment da Paulinha e a primeira frase da geruxca já disseram tudo!
    Mari, para de perder tempo e fica logo com o Matheus. .baba.
    Amo, Xuuuh! :*

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  6. Matheus *-*
    Apoio que ela deve ficar com o Matheus...
    Scott parece que só quer brincar com ela...
    Mas ela não consegue tira-lo da cabeça neh...
    Ai fica dificil =\

    Beijos

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  7. Meninas, desculpa a demora pra responder, fiquei toda enrolada, pra variar.
    Thanks pelos coments!!! *w*

    -
    Deh, morri com seu coment, kkkkkkkk.
    Por isso mesmo, mas não é desculpa, né... =/
    \õ/
    =*
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    Mita, disse tudo! FATO!!
    6love
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    Lu, quer trocar tapas com ela, não?
    Vai que isso funfe... *lala
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    Pah, fiquei tensa com o TUDO que você não disse. 1morri
    Por isso ela disse que teve o que pediu, e sabemos o quanto ela é cabeçuda... O que mais esperar?
    =S
    -
    Adooooro, Dindi!! \õ/
    -
    Vih, o Scott é o mesmo da primeira temporada, a mudança é que agora está atraves do olhar da Mari.
    Ele não quer brincar com a Mari.
    E Matheus é uma graça!!! *w*
    =*

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  8. É, eu sei, Suh... Desculpa, é que a turrisse dela às vezes me tira do sério... -.-"

    Bjks

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