segunda-feira, 25 de julho de 2011

16- Sozinha x Acompanhada

“Tem certeza de que não quer ir?” Kate terminava de se maquiar em frente ao espelho, perguntando-me pela segunda vez se eu não queria ir com ela à boate.
“Vou ficar estudando...”
Deu uma última olhada de satisfação em seu reflexo e se dirigiu à porta. “Então, boa noite!” Saiu animada. Pensava em como ela conseguia disposição para sair assim toda noite...
Assim que ela deixou o quarto, peguei meu celular e avisei sobre sua saída para o Matheus por mensagem. Não era nenhuma tarefa digna, mas eu tinha prometido que o diria. Ele queria fingir coincidência ao encontrá-la indo para o mesmo lugar. Não fazia sentido pra mim, achava que seria melhor que ele fosse sincero, mas coragem não era seu forte e se tratando de Kate, imagino que, menos ainda.
Encarei o livro de matemática aberto sobre a mesa, esperando que eu o estudasse. “Já chega de problemas na minha vida, não?” E ri do meu próprio péssimo trocadilho.
Suspirei ao ver o meu notebook. Já tinha quase me esquecido. Tinha sido escolhida para escrever uma matéria sobre o sumiço repentino do Scott Meyer. Tentei inutilmente fugir dessa. Entre todos, por que logo eu teria que escrever uma matéria sobre ele? E minha resposta foi “Quando souberem que você quem escreveu vão todos ficar ainda mais ansiosos. Os boatos sobre vocês dois ainda circulam pelos corredores.” Que ótimo...
Cheguei a pensar em deixar o jornal escolar, mas se eu fosse fugir de tudo que tivesse relação com o Scott... Então, a pergunta era: O que eu poderia escrever? Abri o Word e ameacei.
Scott Meyer resolveu que era hora de atender os meus pedidos e sumiu.
Apaguei e deixei de lado. Deitei encarando o teto, com a mente tão longe quanto possível. Engraçado pensar em como eu teria agido diferente se soubesse que aquele beijo, do dia em que fui ao ClubMix com o Luan, tinha sido o último que teria do Scott. A lembrança do seu gosto ainda conseguia me deixar com o coração acelerado, mas eu sabia que a sensação de seu toque não era nada como aquilo; minha memória era muito inferior.
Seria no dia seguinte que eu o encontraria no refeitório para me tirar do sério novamente? Eu o odiava por não conseguir mais odiá-lo mais do que a mim. Bagunçar meu mundo e sumir não resolvia nada. Antes eu nunca o tivesse conhecido... Não. Nem mesmo isso.
Suspirei mais uma vez. O único que poderia fazer esses meus pensamentos distantes também já tinha me deixado. Eu merecia algum prêmio por ter tido os caras mais lindos e os entregado de bandeja. Francamente, o que eu tinha na cabeça?
No dia seguinte Matheus me interpelou no corredor com um sorriso tão leve que já tinha me esquecido que ele tinha.
“Essa felicidade teria cabelos ruivos?”
Seu sorriso cresceu, mesmo que envergonhado. “Você estava certa.”
“Milagres acontecem...”
Colocou seu braço nos meus ombros. “Tentar faz mesmo diferença.”
“Algum retorno?”
Fez careta. “Não os que desejo, mas sinto que esse é o caminho.”
“Fico feliz por você, Math.”
“Mas e você?... Não tem passado tempo demais no quarto?”
Apertei meus lábios. “O vestibular já está chegando e estou com uma matéria chata pra fazer pro jornal... Não tenho tido tempo pra sair e nunca fui fã mesmo.”
“Já vai fazer matéria pro jornal? Nossa, isso é ótimo! Não me disse nada antes... É sobre o quê?”
Passei mais tempo do que o esperando pensando na resposta.
“Ah... É verdade. Acho que ouvi alguns comentários a respeito.” Matheus adivinhou.
“Pois é, ninguém me mandou inventar de participar do jornal. Mas isso não importa. Agora criei uma nova regra para mim, de não recusar desafios.”
Ele arqueou uma sobrancelha. “Bom saber, assim você com certeza vai aceitar o meu convite.”
“Convite?”
“Hoje à noite você vai sair com a gente.”
Lamentei minha boca grande. “Mui amigo...”
“Você está me devendo desde meu aniversário.”
“Tá... Acho que sobrevivo. Posso chamar uns amigos?”
“Agora sim é a minha garota!” Matheus disse contente.
***
“Deixa ver se eu entendi bem. Você - Mariana Vasconcello, inimiga mortal da Kate e de lugares barulhentos - está nos convidando para ir com você, Kate, Matheus e Vítor para uma boate? Ouvi certo?” Sally.
“Ouviu.”
“É o apocalipse!”
“Vão ou não?”
“Só vou poder ir um pouco depois, porque Derick trabalha à noite até tarde.” Yasmin.
“Eu acho que vou estrear minha calça de couro e usar aquela minha blusa brilhosa que me deixa com mais peito. Quero ver o Vítor resistir a isso.” Sally.
***
O encontro que nem nos meus sonhos mais estranhos teria acontecido estava sendo realizado bem diante dos meus olhos. Meus amigos e os amigos do Scott debaixo do mesmo teto iluminado. Isso só fazia a falta de uma pessoa ainda mais evidente.
“Proibida de se aproximar do bar, dona Mariana.” Matheus ordenou com um sorriso assim que colocamos os pés dentro da boate.
“Fico esperando o dia em que você vai parar de me zoar por isso.”
“Não perca seu tempo.” Seu sorriso cresceu. “Próximo desafio: dançar a noite toda.”
“Tudo bem, Math, já entendi.” Empurrei suas costas na direção da pista, onde Kate já estava rebolando. “O seu desafio é domar aquela fera, mantenha seu foco nisso.”
Ele virou o rosto pra trás, olhando-me com piedade. “Você vai ficar bem?”
Revirei os olhos. “Sem você pegando no meu pé? Pode ser difícil de imaginar, mas a minha primeira dança vai ser pra comemorar isso.”
Matheus colocou a mão sobre o coração teatralmente. “Cruel.”
Sorri. “Vai logo, Math.”
Fui para o outro canto da boate dançar. A música alta conseguia abafar perfeitamente meus pensamentos e agradeci por isso. Encontrei meu novo remédio no lugar menos provável.
***
“Ah, Mari! Tem um tempo agora?” Sally me abordou antes do sinal da primeira aula.
“O que aconteceu?”
“Estou desde ontem me matando de raiva por causa da minha prima.”
“O que ela fez?”
“Ela sabia e mesmo assim foi lá e ficou com o Vítor.”
Limitei-me a uma expressão de espanto.
“Pois é. Ela não me disse nada, eu vi com meus próprios olhos. Mas deixa ela... Se pensa que não vai ter troco. E ainda vou fingir que não sei de nada.”
“Mas às vezes ela nem viu que era ele...”
“Não defenda a Talita. Isso me fez pensar, sabe... Porque não é só isso, Mari. Pensei que essas atitudes dela fossem apenas coincidências ou sei lá, mas já deu. Não sei nem explicar o que ela faz, mas não gosto... Antes foi com o Jack e eu ainda senti por ela. Pra você ter uma ideia, ela nem cantaria hoje se não fosse por minha causa. Não é me achando não, nada a ver. Mas ela nunca quis até me ver cantando. Agora já cogitou a ideia de participar do teatro, com a desculpa de melhorar a sua performance. Cansei disso!”

6 comentários:

  1. Oh my... Quero ler o artigo da Mari: "Como eu fui covarde e deixei o Scott escapar!"

    AMO!
    bjosmil *.*

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  2. Reaja, Mary... Por Jesus! Se não consegue esquecer, mande um e-mail, uma carta, pegue um avião! Se acha que consegue viver sem, ótimo, apague, delete. O que não dá é pra ficar pelos cantos se lamentando... É, eu sei que é mais fácil falar que fazer, mas até o "covarde" do Math fez, então simbora.

    Tali x Sally? o.O Bolei!

    Bjks!

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  3. Concordo que ela deve reagir, ficar só lamentando não vai resolver...
    Que bom que o Math teve coragem de ir atras da kate...
    Não sabia que a Sally e Talita tinham competição...

    Beijos

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  4. Eu só quero saber como ela vai conseguir escrever isso, Mita. ><
    =*
    -
    Pois é, lamentar só faz tudo pior, Pah, mas acho que agora isso é inevitável depois de tanta negação.
    Momento tenso. ._.
    =*
    -
    Agora ele só precisa de coragem pra acompanhar o pique da ruiva, Vih.
    Triste verdade.
    =*

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  5. Eu acho certo o Matheus ir atrás da Kate se é isso que ele realmente quer, mas você sabe que eu acho super fofo ele com a Mari, né? Mesmo sabendo que ele gosta da ruivinha (e os dois também formariam um casal maravilhoso) e que a cabeça da Mari continua sempre no Scott, ainda torço pra esses dois conseguirem descobrir o amor entre eles. Será? *-*
    E senti certa invejinha da Tali sobre a Sally? Tenso...
    Amo! :*

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  6. E se eu disser que também acho?
    Fico sem saber com quem prefiro, pra você ter uma ideia...
    E eu amo tu, bruxaquefazfalta! 6love

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