segunda-feira, 11 de julho de 2011

10- Farrear x Vegetar

A sala da casa da Sally era enorme, mas com toda aquela gente eu me perguntava pra onde tinha ido tanto espaço.
Próximo do carnaval, estávamos reunidos para decidir de uma vez onde passaríamos o carnaval e tudo mais que fosse necessário para o mesmo. Falavam de tudo, menos do que tinha nos levado ali.
Jack, como sempre, calado, apenas observando; como eu queria saber o que se passava na mente daquele garoto de olhos tristes. Vinícius falava com a boca cheia do bolo de chocolate que fiz. Ricardo e Caio estavam concentrados em somente comer. Talita conversava com o Derick. Yasmin ria das caretas da Sally a cada mordida do bolo.
“Cara, esse bolo da Mari é uma coisa de outro mundo!” Sally disse suspirando.
Vinícius limpou a boca e chamou a atenção da Sally; já vinha alguma besteira. “Se chocolate não existisse, você seria a coisa mais gostosa desse mundo.” O pior era a cara que ele fazia quando soltava essas cantadas baratas. Todos reviram os olhos, mas era inevitável rir.
Esperei um cala-boca-Vinícius da Sally, que não veio. Ela se inclinou na mesinha de centro que separava os dois. “Eu já não fiquei com você? Não? Vamos dar um jeito nisso.” E apontou com a cabeça para fora da sala.
Vinícius sorriu surpreso, aproximou-se mais dela, e encarou seus olhos seriamente. “Você tem um mapa? Acabei de me perder no brilho dos seus olhos.”
“Ok, já deu vocês dois!” Talita se levantou com a boca torta numa bronca.
“Tem Vinícius pra todas, paixão, não precisa brigar.” Vinícius.
“Alguém enfia bolo na boca dele o suficiente para que ele pare de falar, por favor.” Talita disse com um sorriso malévolo.
“Enfiem outra coisa na boca dele! Meu bolo querido n-ã-o!” Sally agarrou a bandeja de bolo.
A sala se encheu de risadas maliciosas. E antes que o Vinícius surgisse com piadas pesadas, Talita soltou um berro mandando que todos se calassem.
“Acho que já está pra lá da hora de decidirmos onde vamos passar o carnaval, não?!”
***
E não fez a menor diferença para mim que eles tivessem escolhido ir para uma cidadezinha próxima de Almerim que prometia ser o melhor lugar para o carnaval de dois mil e onze por todo o pessoal do colégio. Não importava apenas porque meus pais não me deixaram ir. Eu queria muito acreditar que teria alguma chance de ir caso não estivesse de castigo-por-toda-a-vida, mas conhecia os meus pais melhor do que isso.
O meu carnaval seria confinada na fazenda da minha avó. Não era o fim do mundo, porque eu adorava o sossego das leituras, mas queria tanto poder passar aqueles dias com meus amigos...
Minha avó sabia do meu castigo e como uma boa vó coruja que era achou um absurdo. Por isso veio até mim, tentando me animar, logo após o almoço do primeiro dia de carnaval.
“Mariana, sei o quanto queria estar com seus amigos, mas quando seus pais colocam uma ideia na cabeça só milagre! Não quero que minha netinha passe o carnaval solitária pelo campo com um livro nas mãos...” Pela primeira vez, também não queria. “Então, fiz o melhor que pude convidando um casal de amigos que estão sempre me sondando pra comprar minha fazenda... Nem pensaram em recusar meu convite de passarem o carnaval conosco. Eles têm um filho da sua idade que também estuda no Colégio Elite. Talvez vocês até já se conheçam. E ele é um ótimo partido...” Minha vó insinuou. “Nada como uma história de amor iniciada numa fazenda...”
Fiz careta. “Vó...”
Ela soltou uma risada. “A ingrata da sua mãe não aproveitou as boas oportunidades que teve, não cometa o mesmo erro. Tudo bem se não for com esse... Mas nunca é cedo demais para começar a avaliar as suas opções.”
Teodoro nos interrompeu avisando da chegada das visitas.
“Em boa hora!” Minha vó me segurou pela mão e me levou até a sala com ela.
“Queridos! Não morrem mais... Falava de vocês para a minha neta agora mesmo.”
“Espero que bem... Estávamos muito ansiosos para encontrá-los.” A senhora gorducha falou sorridente.
“Cadê o rapaz?” Minha vó perguntou enquanto abraçava a senhora.
“Ele esqueceu o celular no carro... Sabem como são esses jovens de hoje, não vivem sem o celular grudado com eles vinte e quatro horas por dia. No meu tempo nós nem sabíamos o que era isso...”
“Dei um de presente para a minha neta há pouco tempo, mas se você perguntá-la o seu número aposto que ela sequer sabe. Ela é uma mocinha mais das antigas, que sabe o valor de uma boa leitura, boa cozinheira, ordeira, tem ótimas notas na escola, uma filha e neta dos sonhos. Vivo dizendo que o rapaz que conquistar a minha neta estará feito!” Minha vó fez a minha propaganda descaradamente e os pais do rapaz me olharam realmente satisfeitos.
Era só o que me faltava passar o carnaval tendo que aturar algum interesseiro correndo atrás de mim. Imaginava o que os meus amigos estariam fazendo... O que o Scott estaria fazendo...
Todos os meus pensamentos pareceram muito distantes quando aquele rosto salpicado de pintas abriu um sorriso enorme assim que me viu ao aparecer na sala. De forma alguma o meu carnaval seria insuportável com a sua presença, talvez eu devesse mesmo agradecer a minha vó por trazer o Matheus para o nosso fim de mundo.
“Esse é o nosso menino...”
“Ele já é um rapaz feito, Nora.” O senhor a corrigiu.
“Ah! Eles crescem tão rápido!”
“Matheus, certo?” Minha vó perguntou.
Ele estendeu a mão para a minha vó com seu sorriso perfeito nos lábios. Vi o olhar encantado que isso causou na minha velha.
***
“Ainda não acredito que você também veio...” Comentei, deitada no campo ao lado do Matheus.
“Eu teria ido com o pessoal, mas meus pais me arrastaram para cá... que bom!”
Tínhamos passado a tarde toda jogando conversa fora e brincando de ver desenhos nas nuvens.
“Bom parar no meio do nada onde a melhor atividade é olhar as nuvens?”
“Quase. Bom parar no meio do nada onde a melhor atividade é olhar as nuvens com você.”
Um frio atingiu meu estômago.
“Teria sido péssimo ter vindo pra cá e ter me deparado com uma maluca com os meus pais querendo que eu passasse cada segundo do meu carnaval com ela. Sei que não sou a melhor companhia do mundo, mas já pensou se fosse alguém pior?” Ele completou.
“Não quero nem imaginar. Mas você vai morrer de tédio do mesmo jeito... Eu sempre gostei de vir pra cá pra ler, mas pra você que...”
Ele me interrompeu. “Não faça conclusões precipitadas. Eu amo ler e entendo porque gosta de vir ler aqui... Esse silêncio é perfeito, além da vista que é incrível.”
Virei de lado, encarando-o surpresa. “Você gosta de ler?”
Ele não se virou, sorrindo com os olhos fechados. “De preferência um bom clássico.”
Aquele garoto existia de verdade?
“Ninguém nunca te disse sobre o quanto é errado julgar pelas aparências, Mariana?”
“Desculpa, eu...”
“Não por isso. Acho que é um erro que todos acabam cometendo. Loira burra. Negro bandido. Quatro olhos intelectual. Engravatado importante. Líder de torcida fútil. Rapazes populares galinhas. Mas você não pode dizer nada disso antes de conhecer a pessoa. A primeira impressão nem sempre é a certa. E não é por eu gostar de festas que também não sei apreciar um bom livro. O mundo é mais cinza do que preto e branco, Mari...”

7 comentários:

  1. É repleto de nuances de cinzas... Com certeza!
    Cheguei a pensar no Scott, mas o histórico familiar impediria...

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  2. Matheeeeeeeeus!!! *-*
    Aposto que o carnaval da Mari vai ser melhor do que o de qualquer um 6love
    Adorei a surpresa da companhia...

    Beijos

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  3. Agarra o Matheus Mari!!! aushuahushaushuahs
    Ele parece um cara legal, deveria ao menos tentar ;P


    Bjoos Xuh

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  4. kkkkkkkk morro de rir com as palhaçadas da Sally...
    Nem acredito que o rapaz era o Matheus *-*
    Ele é tão fofo...
    Quero um Matheus pra mim como faz kkkkkk

    Beijos

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  5. Ain, Suh, eu até tentei resistir, mas não tem mais jeito não, você me deixou apaixonada pelo Matheus! :P
    Esse feriado tem tudo pra ser inesquecível, não vejo a hora de ler a próxima atuh! *----*
    Beeeeijo.

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  6. E como eu concordo com o Matheus!!! É muito mais cinza, e azul, amarelo. E cor de rosa! Tomara que esse tempo juntos faça ela parar pra pensar. Se não for pra pensar que beije muitoooooooooooooooooooo! Haushuahsuahsauhs

    Bjks!

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  7. Se fosse o Scott ali, a fazenda da vó da Mari deixaria de ser um lugar tão calmo no mesmo intante, Mita, kkkkkkkkk.
    6love
    -
    \õ/ Lu!
    Eles dois também adoraram a surpresa... *sinis
    =*
    -
    Eita, Deh, kkkkkkkkkkkkkk
    Ele não só parece como é, acredite... Tooodo legal... .baba.
    =*
    -
    Eu também adooro, Vih, kkkkkkkkk.
    Queria saber... çç'
    =*
    -
    Perfo, né, Dindi?! *w*
    Falta pouco \õ/
    6love
    -
    kkkkkkkkkkkkkk, ela suuuuper precisa seguir seus conselhos, Pah.
    =*

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