quarta-feira, 20 de julho de 2011

14- Injustiça x Justiça

O certo seria eu ir até a casa do Scott para saber se ele tinha ido embora mesmo, mas fui até a casa da Kate. Bati em sua porta com força, gritando seu nome. Ela abriu a porta assustada.
“Mariana?”
Passei pela porta. “Ele foi embora mesmo?”
Kate balançou a cabeça.
“Ele te contou que iria?”
“Contou...”
“E você deixou? Não fez nada para impedi-lo?”
“O que eu poderia ter feito?”
“Falar para que ele não fosse e ele não teria ido.”
“Eu falei... Mas a única pessoa que poderia tê-lo feito ficar, fez como que ele fosse... Você.”
Já estava no chão, batendo contra o piso. “Ele é tão burro! Egoísta!”
Kate se abaixou e me abraçou. Comecei a soluçar. “Ele não podia... Por que ele não veio brigar comigo, como sempre fez? Por que ele não ignorou as minhas escolhas como sempre fez? Por que ele tinha que ir?”
“Ele disse que precisava ir, Mariana...”
“O Scott que conheço nunca fugiria...”
“Mas você não tem o Matheus agora?”
Chorei com mais vontade. Kate me aninhou como se eu fosse uma criança. “Desculpa, querida. Eu sei que dói, mas só por agora... Você logo vai ficar bem. Agora venha, levante desse chão. Vou pegar um copo d’água pra você.”
Fomos até a cozinha e a imagem dele ali ainda parecia viva.
“Aqui, tome.”
A água desceu pela minha garganta com dificuldade. “O que você tem com o Scott, Kate?” Finalmente, perguntei a ela.
“Se eu te disser que somos amigos, você não vai simplesmente acreditar, vai?” Ela não esperou resposta. Puxou do bolso de sua calça uma carteira, abriu e puxou uma foto. “Aqui.” Era a foto de uma menininha de cabelos claros e olhos castanhos.
“Quem é?”
“Minha filha. Tem um ano, quatro meses e dezesseis dias de vida.”
Minha mão saltou na minha boca. Ela e Scott...
“Ah, não!” Kate parecia ler meus pensamentos. “Ela não é filha do Scott.” Sentou-se a minha frente. “Você quer respostas, mas tem tempo pra ouvir uma história comprida?”
Balancei a cabeça.
“No primeiro ano do ensino médio eu fiz a maior burrada da minha vida, logo no começo do ano.” Kate começou. “Uma noite errada com a pessoa errada e tudo mudou pra sempre, mesmo que no momento eu não fizesse ideia. Então saí com o Scott uma vez e ele foi embora antes que algo entre nós pudesse acontecer. Foi quando olhei com mais atenção pro Scott. Que garoto em sã consciência teria me deixado daquela forma? Sem falsa modesta. E ele parecia tão perdido quanto eu... Tão necessitado de ajuda quanto eu. Pensei que talvez se eu pudesse ajudá-lo, isso me tornaria uma pessoa melhor, sei lá... E quando ele me contou estar apaixonado por você tudo fez sentido. Eu o ajudava a te conquistar e me apaixonava mais e mais...” Ela ajeitou o cabelo. “Descobri que estava grávida e quis abortar. E imagina quem me fez mudar de ideia?” Ela abriu um sorriso. “Ele mesmo. Ele é tão teimoso, você bem sabe. Um jeito que faz tudo parecer possível. Você não sabe o quanto foi difícil no começo ajudá-lo a ficar com você, quando eu queria ficar com ele. Mas...” Suspirou. “Percebi que ele só poderia ser feliz de verdade com você. Tudo que ele fez pra poder te provar seu amor, Mari...” Ela olhou nos meus olhos. “Uma vez ele disse querer ficar comigo... E eu só precisei dizer não uma única vez para que ele deixasse essa ideia de lado. Quantas vezes você já não disse não e ele voltou correndo até você? Se isso não é amor...” Encarou a janela. “Eu teria abortado a Colly se não fosse pelo apoio dele. Teria deixado minha filha em algum lar adotivo, se também não fosse por ele. Ele acredita mais em mim do que eu mesma.” Voltou a me fitar, seriamente dessa vez. “Tem ideia do quanto ele é especial, Mari? Do tamanho do coração desse garoto? Eu não devia te contar as minhas intimidades e nem falar contigo, pela forma tão sem sentido que sempre me tratou. Mas você não é a única e se eu fosse me incomodar com cada um que faz seu próprio julgamento sobre mim... Mas eu queria muito poder te dizer tudo isso. Só para que você soubesse o que você tinha em suas mãos e que você perdeu. Eu não consigo sentir raiva de você, porque você é imatura demais. Mas nunca mais jogue a culpa em cima de mim por não ter ficado com o Scott. Você é a única culpada. Ele foi embora...” Ela começou a chorar e a mudança em como me tratava ficava mais confusa. “Como tem coragem de vir até aqui para dizer que eu sou a culpada por não tê-lo impedido? Quer saber? Saía já daqui! Ele foi embora por sua causa! Sua garotinha egoísta e mimada! Vá logo se não quiser ouvir mais poucas e boas, que já perdi a minha paciência!” Apontava para a porta aos berros.
Saí apressadamente.
Eu era egoísta e mimada... Preocupada demais em não me machucar, pouco me importando sobre o que as minhas atitudes causavam aos outros. E só ele... Só o Scott viu o pior que há em mim infinitas vezes e voltava dizendo me amar. Quem mais poderia suportar toda a minha amargura e permanecer de pé assim? Não... Nem mesmo o Matheus. Matheus teve sorte de despertar sempre o meu melhor, mas duvido que ficaria comigo se eu o tratasse apenas uma vez como tratei sempre o Scott.
E nenhuma dessas certezas importava mais. Ele tinha partido... Ele precisou ir embora para que eu me desse conta do quanto deveria ter dito sim todas as vezes que lhe disse não.
Pela primeira vez não fui capaz de sentir raiva da Kate.
***
Pensei que o primeiro dia tendo a prova viva no colégio de sua ausência seria o pior, mas descobri que isso conseguia piorar com cada dia que se passava.
Eu tive febre e batia os dentes debaixo do cobertor do dormitório quando a Kate passou pela porta do quarto e logo atrás o Matheus.
“Foi o que eu te disse... Olha só como ela está pálida. É melhor você sair, o médico já está vindo vê-la. Depois você volta, Matheus...” Kate.
“Mari...” Ele segurou minha mão. “Prometo que volto assim que puder. Fique bem logo, por favor...” E deu um beijo na minha testa.
Acho que dormi depois disso, porque só lembro de acordar com o Matheus segurando a minha mão, com sua cabeça deitada na minha cama. “Math?”
Ele acordou no mesmo instante. “Mari? Já acordou? Se sente melhor?”
“Acho que sim...”
Ele sorriu. “Que bom. Pensei que o doutor estivesse louco quando só te deu um comprimido dizendo que você já acordaria melhor.”
Não sei por que vê-lo ali ao meu lado me fez querer chorar. “Obrigada por tudo, Math...”
“Não por isso.”
Cheguei mais para o lado na cama. “Deita aí. Não faz bem dormir todo torto desse jeito.”
Ele olhou para o lado vazio na cama como se fosse uma criança prestes a comer a sobremesa antes do almoço escondido da mãe.
“Math, deixa de bobeira e deita logo.” Virei às costas. “Boa noite.”
Senti um frio no estômago ao sentir o calor de seu corpo tocar o meu. Pensei no quanto tinha sorte por ter alguém como ele por perto. Alguém que não me deixasse sentir-me só... Mas não devia ser por isso que era grata, porque no momento em que esse pensamento passou pela minha mente, antes de fechar meus olhos, não foi alegria que senti.

8 comentários:

  1. Claro q não é filha do Scott... Ela nem deve saber quem é o pai.... ashuashuashuashu
    Voltaaa Coooott!! =/
    Math... *----*


    Bjoos Xuh!!

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  2. Scott x Math!! .aa.
    Vc gosta mesmo é de nos enlouquecer né SuhBruxa?!
    -toma
    Covardia u.u
    Espero que as verdades que a Kate disse pra Mari sirva pra faze-la amadurecer e decidir logo de uma vez o que ela quer da vida afffff
    Eu sei que ficar com os dois é uma ideia muito sedutora *sinis
    Mas não dá né?!

    Beijos

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  3. O Sofrimento das duas é tão ruim...
    É estranho ver a Kate e Mari tendo alguma amizade mas é legal...
    Math sempre fofo *-*


    Beijos

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  4. Ela tanto sabe que falou, Deka LESADA! u_u

    E sério, eu teria juntado as frases a um tapa bem dado no meio da cara dela!

    Não adianta pedir pra Mari refletir nada, porque tirando o bebê da Kate nada daquilo era novidade pra ela. Sim, tenha febre, o nome da sua doença é culpa. u_u

    Durma com Deus, e eu se fosse o Matheus pulava pra cama da Kate no meio da noite. É mais jogo!

    Bjks!

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  5. É triste ver a menina amendrotada... Lembrei da frase da Clarisse: "Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."
    A falta dele vai matando aos poucos...

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  6. Deh, Kate dizia não saber quem é o pai para o Scott, mas...
    =*
    -
    Lu, você já é doida sem ajuda. FATÃO!
    Os dois? Também quero!!! .baba.
    =*
    -
    Péssimo, Vih. =/
    Amizade? =o Não chamaria assim...
    Totalmente fofo!! \õ/
    =*
    -
    Pah, Mari precisa mesmo disso, mas sou mãe, não consigo desejá-la sofrimento. çç'
    -
    Mita, disse tudo como sempre. Acho que agora ela entende bem o que isso significa.
    6love

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  7. E aquele velho ditado que diz que "A gente só dá valor há algo quando perde" mais uma vez se mostra verdadeiro.
    Se eu já gostava muito da Kate, ela conseguiu me fazer com que gostasse ainda mais dela. A Mari estava mesmo precisando ouvir essas verdades e refletir, e não havia pessoa melhor para isso.
    Espero que, caso tenha uma nova chance, ela não desperdice de novo.
    E realmente, ter o Matheus ao lado é muita sorte!
    Amo, Xuh! Beijo.

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  8. =/
    Infelizmente, tenho que concordar.
    É o que todas esperamos.
    FATÃO!
    Thankkks!!! 6love

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