quarta-feira, 3 de agosto de 2011

20- Ajudada x Ajudando

Fiquei imóvel, consciente de que ele estava indo embora...
Indo embora?! Pra onde? Por quanto tempo?
Eu teria corrido atrás dele por toda a noite e para onde quer que ele fosse. Matheus não me deixou dar um passo, segurando-me firme pela cintura, enquanto eu me debatia para sair.
“Desculpa, Mari, mas eu não posso te deixar ir...”
“Você sabia, não sabia?! E eu pensando que...” Mas quem disse que não era mesmo um encontro mais intimo entre a Kate e o Scott? “Oh meu Deus!” Senti meu corpo se desmanchando nos braços do Matheus. “Então era isso?”
“Matheus, larga a Mariana.” Kate se pronunciou, ainda da porta de seu quarto. “Venha, Mari... Deixa eu te contar o que aconteceu.”
Olhei para Kate, procurando qualquer sinal de que sobreviveria àquela conversa.
Assim que a porta foi fechada, não pude deixar de sentir meu estômago se revirar pensando em todas as vezes em que o Scott esteve sozinho naquele quarto com a Kate.
“Senta aí. Vai ser uma longa conversa.”
Fiz como ela pediu.
“Eu já bebi um bocado hoje, mas preciso de muito mais para perder o controle de minhas ações. Por isso não pense que não sei a gravidade do que vou te contar.”
Passaram milhares de possibilidades pela minha cabeça. A maioria envolvendo eles dois e nenhuma roupa.
“Eu fui estúpida o suficiente para contar ao Scott quem é o pai da minha filha. Consegui levar essa questão por bastante tempo sem problemas, porque ele acreditou em mim, quando eu disse que não sabia quem era o pai...”
“Você não tem que me contar, Kate.”
“Eu sei, Mariana, mas não posso esperar que você confie em mim, se eu não confiar em você.”
“Por que você quer ter uma relação de confiança comigo? Por que você se esforça tanto pra que eu e o Scott fiquemos juntos?”
Ela inspirou. “O Scott é o meu único amigo, Mariana. Eu não queria ter que me prender a ninguém de forma alguma, mas acabou sendo inevitável. Ele é importante pra mim, você é importante pra ele, então, você também é importante pra mim. É confuso, eu sei, mas acho que sentimentos não precisam de explicações, motivos nem sentido, então...”
Senti minha face corar diante daquela confissão.
“O pai da Colli é o nosso antigo diretor Ákyl.” Ela parecia quase tranquila ao dizer.
Não pensei que fosse ouvir o nome desse desgraçado novamente. Depois de tudo o que ele fez com a minha amiga Sally, mais essa...
“Contei pro Scott num momento de desespero. Esbarrei com o Ákyl lá no meio do nada onde eu estava morando com a Colli e meus avôs. Ákyl já sabia da Colli... Começou a perguntar sobre ela e quer vê-la. Chegou a me ameaçar. Dizer que iria encontrar a minha filha de qualquer jeito.”
Ela apertou seus lábios. “Falei com o Scott, ainda desesperada, por telefone. Dizendo que ia esconder a Colli e meus avôs e que voltaria para o colégio. Acabei contando o motivo... Não sei como ele não fez nenhuma estupidez na época.”
Tanta coisa que eu mal fazia ideia...
“Ele esteve por esse tempo atrás do Ákyl. Scott não quis me dizer o que fez para assustá-lo, mas garantiu que funcionou... Agora quer trazer a Colli para o Brasil.”
“Isso não é bom?” A discussão entre os dois não fazia sentido.
“Claro que não, Mariana. Não posso assumir a Colli assim... Fora que... E se o Ákyl quiser fazer algum mal ao Scott por isso? Esse menino é muito inconseqüente!”
Gelei com a ideia. “Mas... Se ele garantiu...”
“Não sei, Mari... Mas ele não deveria ter feito nada disso sem antes me consultar.” Kate bufou. “Talvez eu esteja exagerando também, mas tenho alguma razão... Ele faz todo um drama saindo do colégio do nada e voltando do nada também.”
Foi quando entendi a sua irritação...
“Mas ele está de volta agora, né...”
“E sobre isso... Não acho que ajudou muito ele ver você abraçada com o Matheus depois de todo esse tempo ausente. Matheus ainda tentou conversar com ele, mesmo sem conseguir mais do que uma resposta mal criada, ele contou que vocês já não estão mais juntos. Scott precisa superar isso... às vezes ele consegue ser pior do que uma criança.”
“Como você está, Kate?”
Ela ficou um pouco perdida com a minha pergunta. “Estou bem...” Mentiu descaradamente.
“Não sei o que faria no seu lugar... Você foi muito corajosa.”
“Não fui não, Mariana. Se você fizesse ideia de tudo o que se passa aqui dentro...” Ela colocou a mão sobre seu coração.
“Se arrepende?”
“Ah... Se me arrependo de ter dormido com o diretor e engravidado dele? Claro. Se me arrependo de ter deixado a Colli nascer? Não. Mas...”
“O quê?”
“Não nasci pra isso. Não sou boa mãe. E toda vez que olho pra ela, penso se não estou privando ela de um futuro feliz.”
“Não diga uma coisa dessas! Você é mãe. Já foi tão longe em tudo isso... Ela não poderia ter tido mãe melhor.”
Ela deu um sorriso torto. “Você pensa assim porque tem uma boa mãe. Eu... Não posso continuar com isso. Não posso ser como meus pais. Não posso amá-la o quanto ela merece e precisa, Mariana... Não é justo que ela cresça dessa forma. Não posso viver essa vida de papai e mamãe. Eu só queria que o Scott não fizesse com que eu me sentisse tão errada ao querer dá-la para um lar adotivo.”
“Isso não é da conta dele, Kate. Mas eu acho que você já é uma boa mãe.”
“Não adianta tentar explicar pra vocês. Mas eu só vou ser uma boa mãe, quando eu conseguir amá-la o suficiente para nunca mais...” Ela começou a chorar. “Eu preciso conseguir não ser egoísta!”
Fui até ela e a abracei. “Você não tem nada de egoísta, Kate...”
“Eu sou tão jovem e linda, Mariana! Não é justo! Não quero me casar! Não quero viver com a barriga no fogão cozinhando pra ninguém!”
“Kate...”
“Você tem que ver o sorriso da minha filha... Seus olhos grandes... Falta me deixar surda quando começa a chorar... E tudo isso... Faz com que eu queira estar lá por ela o tempo todo. Dançar, conhecer gente, parece uma coisa tão idiota quando sua mãozinha pequenina agarra meus cabelos. Mas eu não quero depois culpá-la por ter mudado meus planos por ela. Não quero fazer tudo o que me der vontade na vida e só me certificar de que ela continua viva em casa, sozinha ou enchendo a casa de estranhos. Não posso ser como eles...”
Meus problemas eram piadas diante de tudo aquilo. Kate chorava como uma criança nos meus ombros. E por mais que ela tivesse dito não estar bêbada eu não conseguia imaginá-la fazendo todas aquelas confissões para mim estando sóbria.
“Se você nunca tentar ser melhor do que eles, você nunca será.” Não foi algo assim que ela me disse antes?
“Eu tenho tanto medo...” Ela mal dizia, já quase adormecida.
Saí do sofá com cuidando, a inclinando sobre o mesmo. Eu peguei a coberta de sua cama e coloquei por cima dela no sofá. Kate pegou a minha mão. “Não me deixe só...” Pediu com seus olhos fechados.

8 comentários:

  1. Você disse na atuh passada que eu não saber o que dizer era algo raro, mas pelo visto agora se tornará frequente...
    Nunca imaginei o idiota do Ákyl como pai da Colli. Aliás, nem queria mais ler o nome desse infeliz.
    Fiquei com dó da Kate, nem imagino como é estar na situação dela...
    E se tem algo de bom nisso tudo, é que ao menos a Mari está vendo o outro lado da situação, que ela também nunca imaginou. E parece que está surgindo uma amizade aí. Fico feliz com isso e espero que acabe tudo bem para todos.
    Amo, Xuh! Beeeeeijo.

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  2. Finalmente a Mari vai dar valor para a Kate!
    AMO
    bjosmil!*.*

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  3. Melsenhor, quantas revelações!
    Esse infeliz! (ò.ó) Odeio ele. O problema da criança não é a mãe, é o pai!
    A história da Kate é triste, mas pelo menos vai servir pra aproximar a Mari... E minha paciência com os dramas do Scott estão se esgotando... (¬¬)"

    Bjks!

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  4. Eu tava esperando a explicação do pq o Scott foi grosso com a Mari, mas não foi dessa vez q eu entendi...
    Essa questão da insegurança da Kate qnto ao fato de ser uma boa mãe, eu entendo perfeitamente. E acredito que se ela realmente se esforçar, ela conseguirá ser uma excelente mãe, pq o mais dificil ela já fez... Reconhecer os próprios erros. Espero que ela consiga...

    Beijos

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  5. Odeio esse Akyl...
    A Kate devia tentar cuidar da filha...acho que ela se daria bem...
    Amando

    Beijos

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  6. Xuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuh!!! Saudades!!!*-*
    Bem resumindo tudo q eu li vou comentar só o ultimo.. desculpe =/
    Não acredito q a Mari deixou o Scott ir pra ficar escutando as lamentações da bisKate [prontofaley] u.u

    Bjooos Xuh

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  7. Dindi, o que eu vejo de bom nisso tudo é a Colli...
    Thankks! 6love
    -
    Mita, finalmente² \õ/
    6love
    -
    Fatão, Pah!
    kkkkkkkkkk, tadinho...
    =*
    -
    Lu, também acho que o mais difícil ela fez, além de reconhecer os próprios erros.
    É uma pena que ela não consiga ver a sua própria capacidade.
    =*
    -
    Tocaaê, Vih!
    =*
    -
    Também, Deh!!!! çç'
    kkkkkkkkkkkkkk, te mereço.
    Bjuus, Bruxa! =*
    -
    Sorry, Pah. =/

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